Contrários

Eu fico muito brava com esses garotos que acham que podem me conquistar com poesia barata e sensibilidade extra. Só ganham a minha antipatia. Sabe por que? Eu queria gostar deles, queria mesmo! Porque o fulano tá ali todo romântico pra mim e eu tô aqui querendo alguém que me ame, mas por quê eu nem cogito o fulano? Por causa dessa minha maldita atração por coisas estranhas e extremas. O tarado do bate-papo que insiste inutilmente pra eu ligar a cam, me atrai mais que o carinha da poesia que me chama de amor.
É que eu gosto desses tipinhos baratos e abertos, tipo você... Que me conquistou com toda a sua antipatia e grandeza interior. E mesmo com a sua ausência e frieza, eu gosto mais de ti do que do tal da poesia que acaba de me pedir pra não sumir da vida dele. Eu sou carente e chata, mas não gosto de gente semelhante. Eu tenho atração pelo estranho, pelo contrário, por quem é o que eu queria ser e/ou o que eu não sou. É que eu não gosto de gente pacata como eu, eu gosto de quem chega e me bagunça, me arrasta pra vida e me apresenta um mundo novo.
Eu sei que você não fez nada disso, mas você me mudou de um jeito tão radical que foi o equivalente a me arrastar na descoberta de um planeta. Eu vivo dizendo que queria que fossemos menos complicados, mas isso não é verdade, eu gosto da gente do jeito que somos. Estranhos e incapazes de criar um nós. Mas tá bom assim, talvez seja por isso que eu gosto de você e que de vez em quando eu penso em nós dois, como tô fazendo agora.
E eu espero mudar um dia, eu espero poder gostar de quem gosta de mim. Eu quero um dia sonhar em ter uma vida pacata com esses tipinhos sorridentes ou deprimentes que me mandam poesias e olhares tortos diariamente. Mas não é assim agora. Eu quero conhecer o mundo lá fora e não ficar sentada aqui, como tô fazendo agora. E quero ter um relacionamento com alguém que faça eu me sentir viva, e pra isso, sim, esse alguém precisa ser oposto de mim.