quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Cada um com sua Ruby Sparks

Eu sei que eu sumi e tudo o mais, e depois prometo que vou escrever um texto bem poético e dramático explicando os motivos. Mas o importante é que eu finalmente tô voltando a ser mais como eu era antes da depressão, e isso é ótimo. Como diria o Gus de The Fault in Our Stars: eu tô numa montanha russa que só vai pra cima.
Acontece que parte do meu processo de recuperação de mim mesma consiste em assistir TV. Eu sei que isso não faz sentido pra ninguém, mas o universo tá cooperando do jeito que pode pra eu melhorar. Acredita que a minha tv até voltou a pegar MTV – que não é a mesma de antes mas já é alguma coisa – que é algo que eu sentia muita falta?! Mas o fato é que eu era bem mais feliz quando eu tinha só TV, folhas com desenhos horríveis de roupas e cadernos rabiscados com letras de músicas e poemas. A internet meio que bugou meu cérebro, mas eu finalmente cansei de ter vida só virtual e eu tô me reconstruindo depois da implosão causada pela depressão, ela faz você se perder, esquecer das coisas que você gosta, coisas que fazem você ser você, mata partes do seu cérebro a sangue frio pra fazer você não ter vontade de viver. Mas como eu disse isso fica pra um outro texto... Voltando pra essa coisa de ver TV, eu vi anunciando que ia passar no Tele Cine um filme que eu sempre via anunciando e sempre achei que fosse mágico, então agendei no celular pra não esquecer e adivinhe? É mesmo mágico.
Apesar da critica ruim – recebeu só um ovo do Omelete – “Ruby Sparks: A namorada perfeita” é um daqueles filmes pra poucas pessoas, um daqueles filmes ruins sim mas você gosta até dos defeitos dele porque se parecem com os defeitos da sua vida – ou pelo menos, da minha. Pra quem não sabe o filme é sobre um escritor com bloqueio que por orientação psicologica escreve sobre um relacionamento perfeito. Porém ele cria Ruby Sparks, a garota do seu livro aparece do nada na sua casa, e a sua namorada perfeita de repente existe.
E aqui eu chego no titulo do texto, cada um com a sua Ruby Sparks, ou, citando As vantagens de ser invisível, nós aceitamos o amor que achamos merecer. Tente pensar numa pessoa com que você acha que seria capaz de passar o resto da sua vida, aquela pessoa que você acha que acabaria com o seu vacuo existencial. Você está visualizando ela na sua mente? Ela pode ser real ou só fruto da sua imaginação. Agora imagine todas as coisas felizes que vocês fariam juntos... E agora, imagine ela partindo o seu coração, ou fazendo você se sentir insuficiente, porque é isso que acontece. As nossas Ruby Sparks têm vontades próprias, elas têm vidas independentes de nós, ela sentem coisas que não queríamos que sentissem, e mesmo se você tivesse o poder de mudar isso continuaria dando errado. Porque a gente escolhe a pessoa dos nossos sonhos e a partir do momento em que começamos um relacionamento aceitamos uma especie de termo de uso onde diz que teremos que tentar tolerar todos os defeitos daquele alguém até não dá mais. E no fim tudo acaba com o desejo de que a pessoa esqueça tudo o que deu errado, todos os erros, as brigas... Porque quando você ama de verdade alguém você não quer que ele lembre que foi incapaz de fazê-lo feliz e apenas deseja poder ter uma segunda chance.

Eu acho que todo mundo tem a sua Ruby Sparks e mais dia ou menos dia ela aparece nas nossas vidas como se fosse mágica, e ai você não vai saber o que fazer. Eu já tive o meu Ruby Sparks e eu só queria ter uma segunda chance como o Calvin no final do filme.

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