Eu sei que eu sumi e
tudo o mais, e depois prometo que vou escrever um texto bem poético
e dramático explicando os motivos. Mas o importante é
que eu finalmente tô voltando a ser mais como eu era antes da
depressão, e isso é ótimo. Como diria o Gus de
The Fault in Our Stars: eu tô numa montanha russa que só
vai pra cima.
Acontece que parte do
meu processo de recuperação de mim mesma consiste em
assistir TV. Eu sei que isso não faz sentido pra ninguém,
mas o universo tá cooperando do jeito que pode pra eu
melhorar. Acredita que a minha tv até voltou a pegar MTV –
que não é a mesma de antes mas já é
alguma coisa – que é algo que eu sentia muita falta?! Mas o
fato é que eu era bem mais feliz quando eu tinha só TV,
folhas com desenhos horríveis de roupas e cadernos rabiscados
com letras de músicas e poemas. A internet meio que bugou meu
cérebro, mas eu finalmente cansei de ter vida só
virtual e eu tô me reconstruindo depois da implosão
causada pela depressão, ela faz você se perder, esquecer
das coisas que você gosta, coisas que fazem você ser
você, mata partes do seu cérebro a sangue frio pra fazer
você não ter vontade de viver. Mas como eu disse isso
fica pra um outro texto... Voltando pra essa coisa de ver TV, eu vi
anunciando que ia passar no Tele Cine um filme que eu sempre via
anunciando e sempre achei que fosse mágico, então
agendei no celular pra não esquecer e adivinhe? É mesmo
mágico.
Apesar da critica ruim
– recebeu só um ovo do Omelete – “Ruby Sparks: A
namorada perfeita” é um daqueles filmes pra poucas pessoas,
um daqueles filmes ruins sim mas você gosta até dos
defeitos dele porque se parecem com os defeitos da sua vida – ou
pelo menos, da minha. Pra quem não sabe o filme é sobre
um escritor com bloqueio que por orientação psicologica
escreve sobre um relacionamento perfeito. Porém ele cria Ruby
Sparks, a garota do seu livro aparece do nada na sua casa, e a sua
namorada perfeita de repente existe.
E aqui eu chego no
titulo do texto, cada um com a sua Ruby Sparks, ou, citando As
vantagens de ser invisível, nós aceitamos o amor que
achamos merecer. Tente pensar numa pessoa com que você acha que
seria capaz de passar o resto da sua vida, aquela pessoa que você
acha que acabaria com o seu vacuo existencial. Você está
visualizando ela na sua mente? Ela pode ser real ou só fruto
da sua imaginação. Agora imagine todas as coisas
felizes que vocês fariam juntos... E agora, imagine ela
partindo o seu coração, ou fazendo você se sentir
insuficiente, porque é isso que acontece. As nossas Ruby
Sparks têm vontades próprias, elas têm vidas
independentes de nós, ela sentem coisas que não
queríamos que sentissem, e mesmo se você tivesse o poder
de mudar isso continuaria dando errado. Porque a gente escolhe a
pessoa dos nossos sonhos e a partir do momento em que começamos
um relacionamento aceitamos uma especie de termo de uso onde diz que
teremos que tentar tolerar todos os defeitos daquele alguém
até não dá mais. E no fim tudo acaba com o
desejo de que a pessoa esqueça tudo o que deu errado, todos os
erros, as brigas... Porque quando você ama de verdade alguém
você não quer que ele lembre que foi incapaz de fazê-lo
feliz e apenas deseja poder ter uma segunda chance.
Eu acho que todo mundo
tem a sua Ruby Sparks e mais dia ou menos dia ela aparece nas nossas
vidas como se fosse mágica, e ai você não vai
saber o que fazer. Eu já tive o meu Ruby Sparks e eu só
queria ter uma segunda chance como o Calvin no final do filme.
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