sábado, 26 de novembro de 2011
Carta para Papai Noel
Querido Papai Noel, essa não é a carta de uma criança propriamente dita, mas é a carta de uma jovem que ainda tem esperanças.
Tenho esperanças sobre meu futuro, que acaba de começar, e medo de quão obscuro ele pode ser nos dias de hoje. Porque vivemos em uma época de modernidade primitiva, em que todos os anos milhões de jovens, como eu, são jogados na selva de pedra e obrigados a lutarem por sua sobrevivência. Pois nesse mundo sistemático onde tudo é afundado nas águas frias do mar capitalista, crianças são devoradas pelos monstros do sistema e têm suas mentes programadas para seguirem o padrão. E para manter essa minha esperança eu te peço que liberte a minha mente dessas configurações e que me dê a capacidade de viver e sobreviver nesse breakout contemporâneo sem ter a minha humanidade e o meu eu afetados.
Também tenho esperanças sobre o mundo e as pessoas que habitam nele. Esse mundo fabricado com funções capitalistas, individualistas e cruéis. E que tem cumprido tão assustadoramente a sua finalidade, que torna cada colapso enormemente previsível, chegando a ser profético e trágico. Esse mundo cujos seus habitantes retardados pelas ilusões de poder e evolução, o empurram direto para seu precoce fim. E minhas esperanças sobre esse paraíso habitado por monstros estão se desfazendo a cada morte por causas justas e injustas - sejam alheias ou obrigatórias. Por mais que eu tente agarrar a minha visão de que esse lugar ainda é bom, ela escorre pelas minhas mãos como areia. Eu só preciso de algo sólido e vivido, para poder olhar e sentir, pra saber que nem tudo estar perdido.
E tenho esperanças intermináveis sobre o amor. Ou o que restou dele. Vivemos cercados de falsidade e individualidade. As pessoas são cruéis aqui, elas te enganam e depois te machucam tão gravemente que deixam lesões no seu coração relacionadas à confiança. E sobre isso vou fazer logo o meu pedido. Eu quero amizades reais e verdadeiras de gente que realmente goste de mim e não que apenas me ature. Quero amizades de pessoas que nunca vão me abandonar. E sobre abandono, eu preciso de um porto seguro. Alguém me ame de maneira reciproca, que vai segurar a minha mão na escuridão e encher o meu peito de esperanças sobre o mundo e sobre o futuro, sobre o nosso futuro.
Talvez eu só precise desse amor, Papai Noel. Talvez seja disso que o mundo e todos que nele habitam precisem, alguém que possa salvá-los da escuridão provocada pelos o que não têm salvação.
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